Dia 8- Era chinesa Xie Jun e Hou Yifan
Xie Jun
https://en.wikipedia.org/wiki/Xie_Jun
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Nascida em 1970 em Baoding, Hebei (Nordeste da China), foi campeã de xiangqi em Beijing em 1980 e chamou a atenção do governo que começava a estimular o xadrez ocidental. Campeã chinesa aos 14 anos e Empatando pelo segundo lugar nu mundial juvenil aos 18, tornou-se desafiante ao título mundial aos 20. Derrotou Maia Chibourdanidze em 1991 encerrando 41 anos de completo domínio soviético no xadrez feminino. Em 1994 conseguiu o título de Grande Mestre (sexta mulher a consegui-lo. Jun defendeu o título em 1993 contra a georgiana Nana Ioseliani, mas perdeu em 1996 contr Susan Polgar, da Hungria, que faz parte do capítulo da semana que vem. Em 1999 após uma série de desavenças no xadrez internacional (feminino e absoluto) Xie conseguiu novamente unificar o título feminino vencendo a IM russa Alisa Galiamova.
Esta menina conseguiu não só promover o xadrez feminino na China a níveis quase tão populares quanto os tradicionais xiangqi (variante ancestral do xadrez) e weiqi (go) quanto impulsionar o xadrez escolar por seu estilo otimista e agressivo.
Para homenageá-la apresentamos a sua primeira vitória no match contra Maia Chibourdanidze em 1991. Nesta partida o lance 15. b4 é uma novidade preparada pela equipe chinesa para o encontro com Maia. A georgiana consegue um aposição aceitável, mas gasta tempo precioso ao responder e quando se iniciam as surpresas comete um deslize com o lance 23. … g6? Procure identificar o problema e adivinhar o lance 24 das brancas. Se conseguir, ótimo! Se não apenas aproveite a beleza da finalização.
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Xie Jun defendeu o título pela última vez no controverso sistema de torneio (eliminatório ou mata-mata) em Nova Delhi em 2000. No ano seguinte foi sucedida por uma jovem compatriota.
Zhu Chen
https://en.wikipedia.org/wiki/Zhu_Chen
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Zhu Chen nasceu em Wenzhou, Zhejiang (Leste da China), em 1973. Foi uma enxadrista precoce e venceu o mundial sub-12 anos na Romenia em 1988 (além do juniores feminino dua vezes). Aos 23 anos tornou-se a sétima mulher a conquistar o título de GM. Dois anos depois, em 2001, venceu o campeonato mundial (também eliminatório) em Elista (Kalmikia, federação Russa). Perdeu o título no pŕoximo evento dedicado em 2004, para a búlgara Antoaneta Stefanova, mas ajudou a produzir a hegemonia chinesa que ainda permanece no xadrez feminino.
O time chinês (Xie Jun, Zhu Chen, Wang Pin e Wang Lei) venceu a olimpiada feminina de 1998, pela primeira vez contra times que não oriundos da URSS (superando a Russia e a Geórgia). Este feito se repetiu mais 3 vezes seguidas (até 2004) e foi retomado em 2016 e 2018. A dominância destas atletas no início dos anos 2000 inspirou a geração seguinte, altamente técnica e que compete em alto nível também no xadrez absoluto.
Para homenagear Zhu Chen (que casou-se com um GM do Quatar e trocou de nacionalidade) trazemos sua vitória conduzindo as peças negras contra o russo Victor Korchnoi, GM de primeira linha (na época, com rating elo de 2620), muitas vezes desafiante ao título absoluto, que já havia passado do seu auge, mas continuava entre os 100 enxadristas mais fortes do mundo. Nesta partida Victor, o terrível, se dá ao luxo de jogar algo pouco convencional na defesa eslava do gambito da dama, achando que superaria a jovem chinesa, como diria Korchnoi: “afinal ela era uma mulher!”. Note que Zhu Chen tinha na época rating Elo de 2539. Podemos estimar grosseiramente a probabilidade de ela vencer esta partida em 25%, empatar, 28% e perder 47%. A partir do lance 23 esta menina deixa claras suas intenções de contrariar as expectativas e se permite ser atacada para produzir um contra-ataque furioso. Tente adivinhar o lance 23 das pretas e depois acompanhe esta belíssima vitória da futura campeã mundial Zhu Chen.
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Nos parágrafos que seguem, vamos apenas declarar os nomes e recomendar que vocês apreciem as biografias e algumas partidas destas chinesas a seguir, também se tornaram campeãs mundiais:
Xu Yuhua (nascida em 1976, campeã entre 2006 e 2008)
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Como exemplo de seu xadrez tático e destemido deixo esta vitória conduzindo as peças pretas contra a GM russa Tatiana Kosintseva em 2008
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Hou Yifan (nascida em 1994, campeã três vezes entre 2006 e 2017),
Esta é a jogadora mais forte da atualidade, atualmente professora mais jovem da University of Shenzhen
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Poderia dedicar um dia apenas a discutir a carreira desta enxadrista, mas vou apenas deixar um exemplo recente de sua maestria enfrentando a defesa berlinesa do segundo jogador mais forte do mundo (que empatou as DOZE partidas clássicas do match pelo campeonato mundial contra Magnus Carlsen em 2018, sendo derrotado apenas nas partidas rápidas pelo campeão).
Esta variante que as brancas escolheram para enfrentar a principal arma de empate das pretas em partidas de alto nível foi também experimentada por Carlsen contra Caruana, sem o mesmo sucesso. Uma das chaves para a iniciativa duradoura da jovem estrela chinesa é a ousadia de jogar lances como 21.Ng3. Confiança nos próprios cálculos aliada a um sólido conceito posicional.
Note que na altura do lance 25 a posição das brancas é melhor, mas não tão clara. Após o lance 28. Bh4, a vantagem das brancas está na estrutura de peões, explorada com enorme categoria contra um adversário com rating Elo 2817.
Na posição final há mate em 8 lances! É muito provável que ela tivesse tudo calculado desde o lance 37!
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Tan Zhongyi (nascida em 1991, campeã em 2017)
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Foi campeã mundial sub10 e sub 12 anos. Ganhou o título feminino ao vencer Ju Wenjun na final do torneio de candidatas (Teerã) pois Hou decidiu não defende-lo.
Como homenagem deixo uma partida bombástica no gambito da dama aceito, partida catalã, entre as duas oponentes, vencida por Tan Zhongyi conduzindo as pretas!
Ju Wenjun (nascida em 1991, atual campeã desde 2018) sexta mulher a cruzar a barreira dos 2600 pontos de rating Elo.
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Após 25 anos de hegemonia o time olímpico feminino chinês em 2016 contava com três jogadoras que hoje já se tornaram campeãs mundiais: GM Hou Yifan (1- 2658), GM Ju Wenjun (2- 2560), GM Zhao Xue (5- 2486), GM Tan Zhongyi (3- 2511) e IM Guo Qi (10- 2418). Hoje, se precisarem montar um time exclusivo de GMs, as cinco melhores meninas chinesas teriam rating médio de 2544 e estariam entre as maiores potências do xadrez absoluto e à frente da Russia, da Índia, da Geórgia e da Ucrânia como a maior potência do xadrez feminino.
Para celebrar a atual campeã mundial vamos mostrar uma partida ralâmpago contra Tang Zhongyi conduzindo as brancas no gambito da dama. È certo que em partidas rápidas muitas vezes se joga com maior soltura, mas a agressividade daquela que se tornaria a nossa atual campeã!
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Como exercício, sugiro que observem partidas destas jogadoras dentre as selecionadas como melhores. Como exemplos deixo esta vitória tecnicamente excelente de Ju Wenjun sobre a GM alemã Elisabeth Paehtz em uma outra partida rápida e uma das vitórias contra Tang Zhongyi pelo campeonato Mundial em 2018, esta última no gambito da dama (partida catalã).
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